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O nitrogênio é um elemento extremamente importante na natureza, pois é através dele que organismos vivos produzem moléculas complexas em seus organismos, como as proteínas que os compõem, ou até mesmo seu próprio DNA.
Aliás, inclusive a adenosina trifosfato (ATP), de onde organismos retiram energia química para seus processos metabólicos, é construída utilizando-se o nitrogênio.
Por isso, este elemento constitui um dos blocos fundamentais de construção das células, sejam elas de plantas, de animais, de algas, fungos e até mesmo de bactérias.
No nosso corpo, por exemplo, o nitrogênio é o quarto elemento mais abundante, representando 3% de toda a massa corporal.
Aliás, ele é muito abundante em todo o universo, ficando em 7ª posição entre os dez elementos mais abundantes.
Particularmente no planeta Terra, ele é o principal elemento na composição da atmosfera.
Contudo, apesar de sua abundância, ele não se encontra em estado disponível para a maioria das formas de vida que dependem dele, e por isso não pode ser utilizado diretamente, já que estes seres não possuem enzimas capazes de realizar a devida conversão.
Isso acontece pois o nitrogênio, na forma em que se encontra na atmosfera (N2), é muito estável e não reage com outros elementos.
Na crosta terrestre ele é, na verdade, bastante escasso, ficando na 30ª posição!
Para que ele se torne biodisponível, ele precisa ser convertido em compostos mais reativos e que possam ser assimilados pelos seres vivos, e é aí que entra o trabalho conjunto de uma série de organismos, cada qual com uma enorme importância na sustentação da vida, e que, juntos, estabelecem um ciclo de renovação constante: o ciclo do nitrogênio!
Este é um dos ciclos naturais mais importantes para o planeta, e que a despeito disso, depende de seres muito pequenos e delicados, que nos passam totalmente despercebidos: as bactérias!
Elas correspondem as formas de vida mais antigas na Terra, onde estima-se que existam há mais de 3,5 bilhões de anos. Hoje sabemos que a maior parte do oxigênio atmosférico é liberado por estes seres, nomeadamente as cianobactérias, e talvez uma das maiores descobertas sobre elas foi feita em 1885 pelo microbiologista holandês Martinus Beijerinck: elas são capazes de assimilar o nitrogênio atmosférico, sem recorrer a outras fontes, diferentemente da maioria esmagadora dos seres vivos!
O microbiologista holandês Martinus Willem Beijerinck.
(16 de março de 1851 – 1 de janeiro de 1931)
Fotografia sob domínio público, presente no acervo da Escola Politécnica de Delft, onde chegou a estudar.
Estudos subsequentes demonstraram que elas são responsáveis por quase 90% de todo o volume de nitrogênio fixado em compostos orgânicos, biodisponíveis a outros seres vivos.
A fixação do nitrogênio é, portanto, um processo que ocorre quando ele é unido a outros elementos, tornando-se reativo e capaz de ser assimilado pelo organismo dos outros seres vivos.
Esta etapa de fixação do nitrogênio com outros elementos (especificamente com o hidrogênio ou oxigênio) pode ocorrer tanto pela ação de bactérias, que como mencionamos, são majoritariamente as maiores contribuintes, como por fungos, ou até mesmo através da radiação eletromagnética do sol (raios ultravioletas) e, surpreendentemente, pela ação de relâmpagos!
Ao formarem o gás ionizado em seu núcleo espectral até o solo, eles promovem a fixação do nitrogênio ao oxigênio, onde formam ácidos nítricos que são usados nas etapas seguintes para a composição de nitratos.
Eles são reconhecidos como importantes personagens no estabelecimentos das condições ideais para a formação de vida na Terra, já que foram os primeiros agentes fixadores.
No solo, os compostos formados por estes agentes alcançam um estado em que podem ser absorvidos pelas plantas, que se desenvolvem se tornando, também, importantes agentes na sustentação da vida animal em nosso planeta.
Os compostos orgânicos que produzem entram diretamente e indiretamente na alimentação dos animais, que adquirem assim o nitrogênio de que precisam, em um estado que pode ser utilizado em seus organismos para a construção celular.
Quando animais e plantas morrem, seus tecidos são decompostos e o nitrogênio volta para o solo onde é reabsorvido por novas plantas, ou até mesmo para a atmosfera, reiniciando todo o ciclo.
Em todas estas etapas, há energia sendo transferida, consumida e transformada em um belo processo de troca entre as mais diversas formas de vida.
Todos dependemos uns dos outros e estamos conectados por algo muito maior. Algo que nos dá o direito de viver, e o dever de deixar viver.
Neste artigo, procurei abordar o ciclo de forma abrangente, como uma introdução. Dessa forma. Em outros artigos, detalharei as etapas do ciclo do nitrogênio de forma mais específica, onde você pode conhecer um pouco mais profundamente os belíssimos movimentos que a natureza realiza pela manutenção da vida.
Obrigado pelo seu interesse! É você que completa o sentido dessa página.
Para saber mais:
- Artigo “Nitrogen”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Nitrogen
- Artigo “Nitrogen Cycle”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Nitrogen_cycle
- Artigo “Ammonium”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Ammonium
- Artigo “Nitrite”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Nitrite#Organic_nitrites
- Artigo “Nitrate”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Nitrate
- Artigo “Martinus Beijerinc”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Martinus_Beijerinck
- Artigo “Nitrogen Fixation”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Nitrogen_fixation
- Artigo “Nitrogen Assimilation”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Nitrogen_assimilation
- Artigo “Desnitrification”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Denitrification
- Artigo “Nitrification”, em Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Nitrification
- Artigo “Cadena Trófica”, em Wikipedia https://es.wikipedia.org/wiki/Cadena_tr%C3%B3fica